A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita. Mário Quintana

terça-feira, 3 de abril de 2012

Oops... My mistake

Tenho uma péssima memória e quem me conhece sabe bem isso, na verdade, acredito que sofro de Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA), ou que minha memória é seletiva (bem seletiva). Fato esse que já me causou danos e micos em certas ocasiões. Esse perfil meio desligado rendeu um apelido na época da escola, de tão forte e conciso ele me segue até hoje quase como um sobrenome. 
Entre os micos que já paguei devido a “boa” memória tem uns mais memoráveis como uma vez que comprei um pen drive pela internet e o longo prazo de entrega me fez esquecer a compra e receber o produto com certa surpresa.
Minha irmã menor logo que identificou meu leve problema de memória ou de falta dela, começou a se aproveitar disso. Foram vários danones que eu esquecia na geladeira, ela tomava e eu só dava falta dias depois. Brincos, maquiagem e dinheiro emprestados que nunca foram devolvidos ou pagos. Talvez por nos acostumarmos a ver as crianças como seres frágeis que necessitam de cuidados, deixamos de perceber o quão lisas astutas elas são.
Uns dias atrás, passando em frente uma loja, arrumei um tempinho pra comprar roupas de cama, após 40 minutos perdida entre marcas e cores de lençóis encarei a longa fila do caixa, tinha umas 8 pessoas na minha frente, mas fiquei firme pois minha cama merecia aqueles lençóis. Na fila fui me organizando com as peças, peguei o cartão de créditos, cartão que na verdade é da minha mãe, mas está comigo forever já que eu o subtraí sem pretensões de entrega.
Chegou enfim, minha vez no caixa, passei os produtos e entreguei o cartão pra atendente. Ela me pediu o RG, eu entreguei. Perguntou se eu era a titular. Respondi que não, que minha mãe era. Ela foi me devolvendo o cartão e o RG e alertando que só poderia finalizar a compra para a titular do cartão.
Inicialmente fiquei decepcionada, raramente tenho tempo e paciência pra esse tipo de compra, já havia perdido muito tempo na loja decidindo entre lençol pêssego ou vinho e que minha mãe poderia não encontrá-los na próxima semana. Foi quando lembrei, a última vez que me disponibilizei a comprar nessa mesma loja (e nem fazia muito tempo) o resultado foi igualmente frustrante, não consegui levar os produtos pelo mesmo motivo, o cartão não era meu. Não tive outra saída senão fingir que ignorava a informação, deixei tudo sobre o balcão, fui embora refletindo e o assunto adormeceu.
Já fiz muita coisa louca, paguei muito mico, dei muita risada por esquecer das coisas, mas ontem foi o pior de todos. Combinamos na faculdade de fazer um amigo invisível de chocolate pra páscoa não passar em branco e também porque a sala faz de tudo pra matar uma aula. Definimos os tipos de presentes, a faixa de preço, os comes e bebes, e por ultimo sorteamos os nomes. Eu saí com meu melhor amigo na sala, ou seja, tudo perfeito pra eu zuar arrasar no presente. Era só comparecer com o chocolate no dia 02/04 e foi "só" isso que eu não fiz.
Já esqueci data de prova, entrega de trabalho, palestras, apostilas, esqueci várias coisas ao longo do curso, mas festa acho que foi a primeira vez, talvez por ter sido a primeira festa numa segunda-feira e eu não ter visto ninguém que me lembrasse dela no domingo. Comentaram que uma das meninas postou no nosso mural da classe no facebook, mas postou 10 minutos antes do início da aula, era tarde demais, eu já estava a caminho da escola.
Cheguei na sala uns minutos atrasada as always, sentei, arrumei a bolsa, a apostila e olhei pros lados pra perguntar a página, vi refrigerantes, copos de plástico, pratinhos, colheres e uma torta na mesa do fundo. Passei os olhos pela sala, vários embrulhos de presentes, minha vontade foi de ir embora, isso por que eu decidi ir à aula na última hora. Quinta ou sexta (não sei) é feriado e a faculdade tem um ritmo diferente em semanas assim, juro que pensei em ficar em casa vendo o novo episódio do Fringe entre outras séries, mas não. Fui à aula, afinal já tinha faltado na segunda-feira anterior e é de segunda que eu tenho aulas com aquele professor que me olha com cara de "eu sei o que você fez no verão passado".
Enquanto pensava se ia embora ou ficava na sala lembrei de um lema que me ajuda a tomar uma atitude em casos assim e eles tem sido recorrentes esses dias. O lema profundo e extremamente eficiente “Tá no inferno, abraça o capeta” e foi justamente isso que eu fiz, esperei começar o amigo invisível, esperei me chamarem, recebi meu chocolate e usei de toda minha sinceridade, sem rodeios falei que tinha esquecido mesmo, pedi desculpas à classe e prometi o presente do “R” meu amigo, pra hoje. Liguei pra minha mãe ontem mesmo, contei tudo e pedi que providenciasse algo memorável pra eu presenteá-lo, ela esta cuidando do presente e se tudo der certo, hoje me redimo dessa mancada.

Só por hoje...

2 comentários:

Índia disse...

Menina, tu é engraçada! E olha, eu achei que eu era esquecida, viajante de marte, mas tu me supera. Agora eu pago muito mico por esquecer datas de aniversários de pessoas queridas. Sofro! Ainda bem que para alguns casos há o Facebook pra lembrar.

Aldeia disse...

É orkut e facebook ja me salvaram de algumas, mas não tenho muita paciencia pra mexer neles, tem dia que nem entro e certeza que é nesse dia o aniversario da pessoa mais importante do mundo e eu esqueço, mas grazadels meus amigos são compreensivos, já sabem dos meus defeitos e entendem sem muito drama, mesmo que atrasada eu os cumprimento. "Antes tarde do que nunca" é o que dizem rs.