Em meados do ano passado era época de vacas gordas
aqui na aldeia tanto eu como as principais amigas estávamos com nossos
respectivos “rolos”, digo rolos por que nenhum deles vingou, aos poucos todas
fomos nos desiludindo e restaram só histórias. Algumas ainda mantêm o contato
como é o caso da Ana (agora com nomes) que apesar de ter sido enrolada por dez anos ainda tem o
rolo na agenda do celular, aliás considera ele um grande “amigo” fato que seria
normal se ele não tivesse passado por três namoros enquanto ficava com ela e se
eles realmente tivessem parado de se encontrar. Ele faz faculdade no mesmo lugar que eu, costumo
vê-lo e informá-la da situação. Já saí com eles algumas vezes nas antigas e ele
é mesmo gente boa, tirando essa “enrolação” que acompanho de perto e acho triste. Dias atrás uma amiga nossa Mônica que agora mora na
capital veio à Aldeia pra visitar a família e quando ela vem, faz questão de
nos reunir pra atualizar as conversas e pegar uma baladinha por ai pra matar a
saudade. A gente se conhece há muitos anos, ela acompanhou
a saga A e H desde o início, foi até uma espécie de cupido pois é muito amiga
deles. Eu acompanhei também mas de um outro ângulo, na época eu era
amiga da ex-namorada dele, coisas de adolescentes rs mas nunca tivemos problemas
com isso, sempre evitei tomar partido.
Quando ele soube que a Mônica estava na cidade, ligou pra Ana supostamente
pra pegar o telefone da Mônica e acabou se incluindo no passeio, marcaram tudo
para as 22h. Até ai tudo bem. Passível de acontecer com qualquer um, a não ser
pelo fato de que uns meses antes, do nada, ele ligou pra ela dizendo que ia
casar, que era pra ela esquecê-lo e sem dar tempo de resposta desligou o telefone. Ela chorou, xingou, amaldiçoou cada descendente
que ele venha a ter e enfim se conformou, não se falaram desde então. Ela dizia
que não pensava mais nele, que já tinha perdido a graça e que ao contrário de
todas que se deixam pisar, ela quando não é bem tratada perde o encanto pela
pessoa, achei palavras muito sensatas, acreditei em cada uma e até tive um
pouco de inveja pensando que eu poderia também esquecer tão rápido, poder controlar
o semi-infarto, o rubor facial, a sudorese ou ao menos formular uma frase
completa e com algum sentido quando estou perto do “meu” rolo.
Após combinar com ele, ela ligou pra mim e pra Mônica,
contou que teríamos companhia mas que seria algo rápido, daríamos uma volta pra
beber alguma coisa e o deixaríamos aqui pra então fazer o planejado que era
sair da Aldeia em busca de aventuras longínquas kkkk. Como
ela já tinha aceitado o auto-convite, não cabia a mim alertá-la do perigo, só
perguntei se teria mesmo essa coragem, como a resposta foi firme e
confiante pensei só em
gritar TRUCO mas acho que não falei mais nada, desliguei o
telefone e me veio à mente uma frase clássica do HIMYM: it’s
gonna be legen... wait for... dary.
Sábado, 22h, a Monica buscou a Ana, que buscaram a mim,
que buscamos o H. Ao pararmos em frente a casa dele a cena que presenciamos foi
tipo mastercard não tem preço. O escândalo que ela fez ao vê-lo foi
impagável. Juro. É de praxe preferir os bancos da frente do carro e como a Ana foi a primeira a ser pega, sobrou o banco
de trás pra mim, assim o H iria atrás comigo, teoricamente, pois quando ele
saiu da casa, ela pulou do carro como uma criança que ganha um presente e
disse: Eu vou atrás com o “Hzinho”... Pensei, Hzinho?? Como assim?? Não dá pra
descrever o tanto que eu ri (por dentro) ao ver aquilo. Ela que estava tão equilibrada,
conformada, que teve uma atitude tão adulta após o fim do quase relacionamento
de 10 anos, disse que não tinha nada a ver sair com ele, que apesar de tudo
eles ainda eram amigos e só amigos, após todo esse sermão, ela estava ali, se
comportando daquele jeito, como uma adolescente ou sei lá o quê. Pra mim foi glorioso, até um alivio posso
dizer. Eu não entendo bem como certas pessoas conseguem agir com tanta frieza
enquanto eu estou “morrendo” pelo outro ainda. Descemos os
quatro num posto de gasolina lotado pra comprar umas cevas e decidir o que
fazer com ele que agora é noivo, logo, não poderíamos dar bandeira. Nós três
num medo iminente fomos a um lugar bem afastado da população, tomamos as
cervejas e quando íamos deixá-lo em casa, ele disse: Não. Eu vou com vocês uai.
A gente se entreolhou, sabendo do combinado que
era deixá-lo em casa e sair só em meninas (solteiras), diante do olhar de por
favor que a Ana fez, foi lamentável, levamos ele também. Chegamos num barzinho
underground que costumamos ir nessa outra cidade e meu dia clareou, finalmente
algo poderia dar certo, estava tocando uma banda cover do System of a Down e a
gente nem sabia, foi surpresa total, eram uns meninos novinhos deviam ter no máximo 18 anos, mas
tocam igual gente grande. Fiquei boquiaberta, juntamente com o resto do
público. Como o H é enorme e tem cara de mau, ninguém se aproximou da gente sequer
pra pedir um isqueiro, já que não íamos conhecer ninguém mesmo, o jeito era
beber e isso eu fiz/faço com gosto. Cerveja gelada, calorão, maior sonzera, um pessoal diferente, fui
animando aos poucos e quando me dei conta estávamos eu e a Mônica bem longe do
casal, paramos ao lado do balcão do bar, onde a vista era nítida e dávamos um certo
espaço pro casal conversar e se acertar. Quando voltamos, a Ana parecia o
próprio sol de tanto que brilhava e me vi no lugar dela, se fosse eu, estaria
radiante também. Pensei em tudo que a gente passa com uma pessoa, o tanto que
essa pessoa pode nos fazer chorar, mas só de estar perto, só de conversar já
muda o dia, se pedir desculpas então, instantaneamente a gente
apaga um caminhão de mágoas, mesmo que um dia elas voltem e a gente sabe que
voltarão mas ainda assim, é melhor estar perto. Inevitável pensar e se... E se eu
voltasse atrás, e se eu não tivesse parado com tudo? Efeito do álcool? Talvez
rs, bem provável, junto com as musicas do System que, entre outras, eram nossa trilha
sonora. Alcoolizada e com esses pensamentos na cabeça, minha noite não durou
muito, apesar das risadas e conversas atualizadas, a noite não foi um terço do
que eu esperava, em parte my fault, eu mesma estava com a cabeça em outro
lugar, em outro assunto. O show acabou, tomamos umas quatro saideiras em outro
bar e voltamos pra Aldeia, deixamos o H surpreendentemente sozinho na
casa dele, ela que não quis ficar com ele, ninguém falou nada até ele descer do carro,
fomos embora tentando entender o motivo, ela disse que o convidou pra ficar na casa dela mas ele não quis e nem ela quis ficar na dele. Fiquei com cara de “hã” né, vai entender esses dois.
Ninguém questionou.
Só por hoje...
* texto antigo, uns 3 meses ou mais, porém atual pois nada mudou rs.