A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita. Mário Quintana

quarta-feira, 30 de março de 2011

Reflexões para uma proposta indecente!!!

Ontem antes de dormir vi um pedaço da final do BBB e o Cristiano estava mais lindo que nunca, sempre achei que ele tinha o jeito de um cara que eu conheci, não tão bonito lógico, mas lembra bastante, estava pensando e se eu mandasse uma mensagem pra ele, o que eu escreveria, o que ele gostaria que estivesse escrito, pensei em primeiro dizer:
- Será que não vou ter uma segunda chance mesmo?
Lembrei que amanhã acaba o mês e eu perderei os bônus do celular se não usá-los, que eu poderia ligar pra bater um papo despretensioso, eu diria que pensava em ligar já faz um tempo, mas não sabia se devia, se ele realmente esta namorando, se está feliz e quer que eu exploda ou quando me disse que estava namorando estava só testando meu afinco em reconquistá-lo, caso fosse a segunda opção eu deveria ser bem convincente nas minhas palavras e talvez seriam essas:
- Quando te conheci tinha acabado de me recuperar de um pseudonamoro ridículo, eu queria ver como estava o mundo, as baladas em geral, matar a saudade de sair com minhas amigas, literalmente cair na gandaia, adorei ter te conhecido e já te falei isso, você é exatamente o que eu quero, vi que suas intenções eram mais sérias que as minhas e achei melhor não te enganar, te falei que estava perdida e realmente estava, não tinha certeza sobre a faculdade que tinha acabado de começar, não tinha certeza sobre meu emprego, religião e não tinha certeza sobre você que parecia muito bom pra ser verdade, o tempo que ficamos juntos foi ótimo, gostei do teu papo, tua idade, teu caráter, tua voz, teu corpo, mas tive que abrir o jogo e contar tudo que estava na minha cabeça, assumo a culpa por não ter me esforçado um pouco mais pra dar certo com você, mas nunca te descartei, inclusive aquelas vezes em que te ligava chamando pra churrascos e aniversários, era pra mantermos o vínculo e pra não te perder de vez, em alguns você foi em outros nem me atendeu, a verdade é que te queria no meu guarda-roupas, pra usar quando bem entendesse, essa é uma atitude bem característica da minha personalidade que você até já conhece, não nego que sou possessiva e perfeccionista, e essa semana minha amiga “C” disse que o mundo não gira em torno de mim, na hora pensei como assim??? Lógico que gira. Depois pensei um pouco e percebi que ela tinha razão, que por você eu deveria deixar meu egoísmo de lado, aceitar você por completo, entrar de cabeça num namoro, onde os dois têm que ceder (principalmente EU), assumir os riscos e deixar que você se exiba, trabalhe e tenha vida social nessa Aldeia, eu o veria depois da aula e fins de semana como qualquer casal tradicional. E depois dessa reflexão pra provar que estou disposta a abrir mão do meu profundo egoísmo, se você ainda estiver namorando ouça:
- Eu juro solenemente que divido o prato, não te incomodarei enquanto estiver com ela, você pode deixá-la em casa antes de me ver, sairemos em alguma Aldeia vizinha para não te comprometer e inicialmente não vou exigir muito de você, te deixarei nessa boa vida por um mês ou dois pra dar tempo de terminar com ela e a gente se acertar. Eis a minha mais sincera proposta, sem mais para o momento, beijos.

sábado, 26 de março de 2011

O perigo da história unica...

Pesquisando sobre literatura africana encontrei um vídeo chamado O Perigo da Historia Única, achei muito interessante pelo fato de eu ter sido por muito tempo exatamente como ela descreve, uma pessoa que se liga ao que sabe e ouve sobre algo ou alguém, lembro que uma vez vi uma reportagem feita pela Regina Casé no programa Central da Periferia, uns seis anos atrás, onde eu já tinha uma imagem da Europa, imagem passada pela televisão de que lá todos eram ricos, brancos e com porte de atletas e modelos, tudo bem que eu era bem jovem e não tinha muita consciência do mundo, mas foi uma das vezes em que percebi que me deixara levar pela historia única de uma região, o programa mostrava a periferia da França, como as pessoas viviam em meio a violência e o tráfico de drogas, nesse momento me dei conta de que a Europa verdadeira não é como eu achei que fosse, não é composta só do povo ariano e que todo país por mais desenvolvido que seja, ainda convive com pobreza e favelas. A Regina Casé falar francês então, foi o choque da semana pra mim, eu via nela uma pessoa brega, ignorante e chula antes daquele dia e ela falou tão bem com os moradores, pareceu que morava lá desde criancinha, foi tão natural que até me assustou, mais tarde descobri que ela fala até outras línguas além do francês e que é cultíssima, sempre envolvida no meio artístico, conhece e é querida por vários ícones do Brasil. Eu via nela uma artista pobre, feia e provavelmente curta como a maioria das atrizes e atores da TV, uma pessoa que só queria fama e não tinha nada em retribuição, essa era a “história única” que eu conhecia dela, e a vida é assim mesmo cheia de pessoas como eu que, mesmo vivendo num mundo imenso, cheio de possibilidades, se prende só ao que viu ou ouviu, hoje eu mudei (graças a mim), mas ainda falta muito pra ficar do jeito que eu me vejo no futuro, hoje já tento não julgar e até abrir os olhos de quem é como eu fui, mas mexer com a opinião alheia é difícil, e os argumentos devem ser bem escolhidos, pois podem machucar dependendo de como são expostos, podendo até ser confundidos como provocação. Deixo aqui o vídeo que explica bem o quanto nós nos firmamos ao que queremos e deixamos de nos interar da realidade. Será que a ignorancia não é exatamente isso? Ter nos abstido da verdade por orgulho ou preguiça, nós nunca conseguimos saber tudo, mas não dá também pra formar uma opinião sem saber o mínimo sobre o assunto em questão. Espero que gostem..

http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

sábado, 19 de março de 2011

Viu porque acredita ou acredita por que viu?

Estava vendo uma reportagem sobre Varginha - MG e rachei o bico, é muito engraçada a força que tem nossos vizinhos interplanetários naquela cidade, desde o dia em que alguém com a imaginação fantástica, espalhou a inesperada visita do homenzinho verde, a piada foi tão abrangente que o governo de lá resolveu tirar uma casquinha e tematizar toda a cidade, agora tem orelhão, ponto de ônibus, restaurante, tudo em forma de nave, tem até um elevador com uma nave estacionada no topo de onde pode se ver toda a região, tem ETs espalhados por todas as praças e em épocas festivas, adivinha a fantasia predominante? Bingo.
A “grande” idéia surgiu do departamento turístico mesmo, pra atrair ufólogos e curiosos de todo Brasil quiçá do mundo e deu certo, a prefeitura se diz satisfeita com o investimento e os lucros gerados com ele.
A questão é quem acredita na existência de extraterrestres? Minha amiga "T" acredita. rs
Eu penso que é realmente ignorância achar que somos os únicos seres vivos em um universo ainda imensurado, com tantas galáxias e planetas que o integram, mas, se nós (modéstia à parte) seres pensantes que somos chegamos no máximo até a lua, eles vindos de tão longe, sendo tão avançados, capazes nos superar na exploração do universo, não viriam ao menos vestidos?? Ser verde já é o “ó” ainda vir sem roupa? Aff
Na minha ilusória conjectura pode sim existir vida em outros planetas, pelo menos em torno do nosso grande astro “Soleil”, mas vida de inteligência inferior ou nula, como bactérias, fungos e etc. Se houvesse um tipinho assim mais evoluído em algum lugar dessa imensidão, creio que, assim como nós, não teriam ido também muito longe de seus planetas. Já meu lado crítico e descrente entende e defende que quem acredita em ET, vê ET; quem acredita em duende, vê duende, quem acredita em fantasma, vê fantasma. Nunca vi nada e só ouvi falar que viu quem acreditava que existia. Por exemplo, quem acredita em ET não vê duende ou fantasma e assim por diante, se viu, foi por que acreditava, assim como a Alice, que acreditava que o país das maravilhas pudesse existir, tudo depende da droga que você usou de sua capacidade de imaginar e compor uma idéia.
Ou não.

sexta-feira, 18 de março de 2011

O outro Brasil que vem ai. (Gilberto Freyre)

Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse brasil que vem ai.

sábado, 12 de março de 2011

Essa tal vida virtual!!! fail...

Essa semana eu dei muita risada, tava conversando com uma amiga minha “C” pelo skype ela perguntou o que eu tinha feito no fim de semana, eu respondi:
- Assisti um filme meloso, pensei no meu ex, me deu saudade e liguei pra ele.
Ela na hora mandou um:
- Hummm que super, sabe que eu pensei mesmo que você devia voltar com ele, vocês combinam, era um casal muito divertido, que legal de verdade, mas e ai me conta tudooo, o que vocês fizeram?
Eu respondi:
- Nada ele não atendeu, não retornou e provavelmente quer que eu morra.
Seria cômico se não fosse trágico, mas como vergonha na cara é opcional, nós rimos muito, ela disse que eu dei margem à interpretação, eu acho que ela se adiantou, mas quem nunca fez isso né.
Não sei o que acontece, quando estou nesses papos online (skype, MSN) as idéias vão fluindo e já vou digitando, a gente não vê a reação do outro, e o tom da voz diz muito, mesmo que a gente nem se dê conta, uma conversa cara a cara é rodeada de mensagens e significados, é a linguagem corporal que automaticamente interpretamos, são coisas que estão além da fala, além da comunicação que nós conhecemos hoje, da época em que não nos comunicávamos por palavras, quiçá das cavernas mesmo.
Não tiro o mérito da internet adoro o meio online em que vivo, onde tudo é muito rápido, onde conhecemos pessoas que na verdade não conhecemos, um exemplo é aquele amigo “virtual” cheio de afinidades que todos temos e de frente com ele ficamos sem assunto torcendo pra alguém chegar e nos salvar do infortúnio. 
Agora se tem algo que eu amo é email, principalmente quando eu posso “marcar como não lido” nada mais prático que um email pra se dispensar alguém , você leu o recado e não pode ou não quer dar uma resposta? Fala que não recebeu, que faz tempo que não entra, A-DO-RO.
E as gafes? Pelamordedeus quanta gafe!!!  Já cometi varias a última memorável foi nos últimos dias pelo MSN, mas foi bem chato, estava conversando com uma outra amiga que não vejo há meses ela tava grávida, o bebê já nasceu e nem fui ver ainda devido a minha falta de apreço por essa faze pueril, na conversa ela perguntava se eu ainda estava estudando, em que ano estava, pois ela já se formou, foi linda a formatura, uma super festa a sala em suma formada por meninas muito companheiras, todas também animadíssimas e graças a deus ela tinha acabado pois uma aluna nova com quem andava esbarrando nos corredores estava tocando o terror na vida dela, e para agravar a situação essa tal aluna tinha ficado com o pai da “Gabi”, nessa hora eu imaginei uma cena do filme Beleza Americana e mandei:
- Olha só a menina pegando o coroa, kkkkkkk pegar o pai dos outros é foda não pode, mesmo que seja gato, eu também ficaria brava se fosse meu pai.
Ela respondeu:
- Gabi é a minha filha (a criança que eu não conheci).
Não tenho palavras para expressar a vergonha que eu senti naquela hora, pensei em bloqueá-la, fingir que caiu a internet e desligar o computador, mas fui forte e sincera, expliquei o que eu havia entendido e o assunto acabou rs. Resultado... tão cedo num entro online no skype, msn e afins.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Eles precisam de esporte ou comida?

Um dia desses, eu acordei e liguei a TV, estava vendo um programa que normalmente gosto muito, quando uma reportagem me chamou atenção, foi a coisa mais absurda que poderia ter feito e parece que só eu vi essa palhaçada, talvez eu não tenha entendido o “espírito da coisa” mas eu sou assim, vejo por outra ótica e ao meu ver foi uma atitude deplorável.

Era sobre o Haiti e um ato de “solidariedade” de soldados e atletas brasileiros enfim, a historia era mais ou menos assim, a proposta era uma corrida de 6km pela paz onde eles correriam junto com os haitianos para mostrar a importância e a esperança no esporte, agora olha o absurdo os haitianos não comem direito, não bebem direito correndo junto com esportistas e soldados bem alimentados, até ai ainda foi suportável, participa quem quer, certo? Errado, participa quem tem com fome, isso mesmo, estavam distribuindo lanche na chegada, no meio da corrida começaram a filmar um garotinho “Maurice” que corria entre os adultos, questionado sobre o empenho com que corria ele respondeu que estava correndo porque estavam distribuindo saquinhos de água limpa e lanche na chegada, quase chorei. Uma criança magricela, subnutrida correndo 6km por comida e água, e ele correu, chamou as crianças durante o percurso espalhou a noticia do lanche, na chegada foi dado uma medalha e duas bananas, a corrida começou com muita gente, lógico, imaginem vocês morando na Cozinha do Inferno onde é jogado todo alimento que não serve pra mais ninguém, disputando comida com porcos e lhe oferecem um lanche no final de uma corrida, até eu correria, mas sabendo que isso é desumano, quem quer fazer o bem não põe obstáculos, não exige grandes superações.

Eu queria ver um atleta depois de uma corrida ganhar uma medalha e duas bananas, quer dá banana? Ótimo, nada mais original vindo de brasileiros, mas dê pra quem tem fome, não só pra quem consegue correr, tinha também umas senhoras caídas na sarjeta doentes, rodeadas de mosquitos e foram mostradas na reportagem, fico me perguntando se essas receberam também o tal lanchinho. Fail....

Pelos soldados, atletas e repórteres que acham que o esporte cura tudo, sinto vergonha alheia, COMIDA é o começo, é impossível praticar esporte sem ser alimentado, solidariedade pra mim é dar comida de verdade pro menino que sonha em ir pra escola, que perdeu a mãe, o pai e quase a vida no terremoto, já que dizem que de boas intenções o inverno ta cheio, o que fizeram lá no Haiti pra mim foi a mais linda demonstração de filho-da-putismo, uma ótima reportagem pra ser mostrada na Globo numa manhã de domingo, mas sem nada a agregar na vida daqueles que ainda passam fome pois todo aquele dinheiro arrecadado para ajudar as vitimas do terremoto mandado pela ONU foi desviado pelos poderosos, autoridades e o corrupto governo Haitiano.