A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita. Mário Quintana

sábado, 26 de março de 2011

O perigo da história unica...

Pesquisando sobre literatura africana encontrei um vídeo chamado O Perigo da Historia Única, achei muito interessante pelo fato de eu ter sido por muito tempo exatamente como ela descreve, uma pessoa que se liga ao que sabe e ouve sobre algo ou alguém, lembro que uma vez vi uma reportagem feita pela Regina Casé no programa Central da Periferia, uns seis anos atrás, onde eu já tinha uma imagem da Europa, imagem passada pela televisão de que lá todos eram ricos, brancos e com porte de atletas e modelos, tudo bem que eu era bem jovem e não tinha muita consciência do mundo, mas foi uma das vezes em que percebi que me deixara levar pela historia única de uma região, o programa mostrava a periferia da França, como as pessoas viviam em meio a violência e o tráfico de drogas, nesse momento me dei conta de que a Europa verdadeira não é como eu achei que fosse, não é composta só do povo ariano e que todo país por mais desenvolvido que seja, ainda convive com pobreza e favelas. A Regina Casé falar francês então, foi o choque da semana pra mim, eu via nela uma pessoa brega, ignorante e chula antes daquele dia e ela falou tão bem com os moradores, pareceu que morava lá desde criancinha, foi tão natural que até me assustou, mais tarde descobri que ela fala até outras línguas além do francês e que é cultíssima, sempre envolvida no meio artístico, conhece e é querida por vários ícones do Brasil. Eu via nela uma artista pobre, feia e provavelmente curta como a maioria das atrizes e atores da TV, uma pessoa que só queria fama e não tinha nada em retribuição, essa era a “história única” que eu conhecia dela, e a vida é assim mesmo cheia de pessoas como eu que, mesmo vivendo num mundo imenso, cheio de possibilidades, se prende só ao que viu ou ouviu, hoje eu mudei (graças a mim), mas ainda falta muito pra ficar do jeito que eu me vejo no futuro, hoje já tento não julgar e até abrir os olhos de quem é como eu fui, mas mexer com a opinião alheia é difícil, e os argumentos devem ser bem escolhidos, pois podem machucar dependendo de como são expostos, podendo até ser confundidos como provocação. Deixo aqui o vídeo que explica bem o quanto nós nos firmamos ao que queremos e deixamos de nos interar da realidade. Será que a ignorancia não é exatamente isso? Ter nos abstido da verdade por orgulho ou preguiça, nós nunca conseguimos saber tudo, mas não dá também pra formar uma opinião sem saber o mínimo sobre o assunto em questão. Espero que gostem..

http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

2 comentários:

Dinorah disse...

Poxa! Você é muito corajosa e honesta. Não é qualquer um que tem esta coragem. Preconceitos? quem não os tem. A gente se esforça, mas quando vê está julgando. Mas poucos tem sua coragem.
Um abraço e minha admiração

Índia disse...

Eu vi esse vídeo faz pelo menos um ano e deveria ser mostrado nas escolas e outras pessoas deveriam assisti-lo, é uma verdadeira aula. Muito bom.

O pre-julgamento nos faz cometer equívocos, injustiça e sofrimento.