A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita. Mário Quintana

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tarantino me entenderia...

Seria preciso mudar de estado/país para perder o vínculo com certos entes “queridos”? Caso fosse, minha avó seria a única da qual eu sentiria falta, os outros cada dia que passa, mais se fortalecem no titulo de persona non grata em minha vida, resolvi declarar meu ódio publicamente, escrever para não matar ninguém, pelo menos não esse semana, anos após meu nascimento minha mãe casou-se e teve um filho, na época eu adorei, pois era novidade um bebê em casa, mas esse animal que minha mãe pariu aos poucos foi tomando conta de tudo e todos, pra mim sobrava só a culpa, o moleque caía a culpa era minha, o moleque se machucava a culpa era minha, roubava meu dinheiro a culpa era minha, se perdeu uma vez no parque da festa mencionada no post anterior eu que apanhei por perdê-lo e o desgraçado era grudado em mim, lembro que eu não podia sair pra brincar sem que ele fosse atrás, eu fazia aula de natação quando tinha uns 14 anos, as amigas passavam em casa pra irmos juntas e o fidumaputa começava com as crises, chorava, esperneava, grudava na bicicleta, corria atrás berrando pela rua e minha mãe ridícula caía nas armações dele, resultado eu não sei nadar até hoje. Minha mãe prova viva do complexo edipiano que Freud já explicou idolatrava o aprendizducão e fez de mim a terrorista da família (até hoje), o colocava antes e acima de mim sempre, lembro até hoje dos gritos e olhares de desaprovação, mas eu já havia me conformado já que a única frase que eu ouvia era você é a mais velha tem que entender, tive uma irmã depois, mas com ela os problemas foram infinitas vezes menor talvez devido à idade ou personalidade sei lá. Como já era previsto ele dominou tudo sempre fez o que quis como quis com apoio/omissão de todos, penso que o problema era inveja, ele sempre teve tudo de bandeja, menos capacidade de me superar, quando não podia ter o que eu tinha quebrava minhas coisas, fez isso com minha televisão, meu radio e meu computador, todos comprados com meu dinheiro e o que eu ouvia da minha mãe quando isso acontecia? Não devia deixar a TV ligada. Sobre o computador? Deve ter sido um rato. E a inveja não se limitava a coisas materiais ele queria sim minha bicicleta, meus livros, queria meus amigos, meus cursos, desde criança a aptidão o abandonara, a burrice sempre o dominou, uma vez minha irmã veio me pedir ajuda para fazer um trabalho da escola sobre Carlos Drummond de Andrade, minha resposta foi a que ouvira a vida inteira “SE VIRA”. Ela, sem recursos pediu ajuda a Sua Excelência A Mula e eis que após rir e menosprezar a falta de informação da garota, expressou sua superioridade diante os demais da maneira mais honrosa possível dizendo “Menina o que você faz na escola que não sabe que ele inventou o avião?”. A frase entrou como um tiro na minha cabeça e mesmo que inclinada a calar-me e deixar o ambiente inundado de orgulho paterno mediante o ato de boa vontade e sabedoria do filho pródigo, pensei em me calar deixando o próprio Drummond ressuscitar só pra poder se matar de novo, não poderia permitir que a minha irmã entregasse tal asneira devido à burrice alheia. Pedi a ela que me acompanhasse até o quarto enquanto explicava em bom tom e de fronte aos pais orgulhosos que Carlos Drummond de Andrade o ilustre poeta e Alberto Santos Dumont o inventor do avião não eram a mesma pessoa, um silêncio perturbador paira até hoje naquele cômodo. O tempo passou meus planos de matá-lo também, até bati nele, mas por incrível que pareça não era pra valer, algo me impedia de me empenhar realmente, ARREPENDIMENTO mortal talvez se eu tivesse arrancado dentes, quebrado partes do corpo, mostrado na época como devia ser a convivência, hoje seriamos amigos, mas eu não fiz. Anos atrás a coisa ficou insuportável e eu chutei o balde, saí de casa, fui morar com minha avó temporariamente, hoje moro no meu AP e apesar das desvantagens financeiras de morar sozinha, há muitas vantagens, saber que ao chegar em casa tudo estará como eu deixei, nada quebrado, nada riscado e um pouco da paz que eu sempre busquei pra minha vida, um pouco pois aquele jumento em forma de gente não consegue sequer fazer uma recarga de telefone pelo celular, ai minha mãe me liga pra eu por créditos pra ele pelo meu celular, eu lógico não faria isso nem sob pena de esquartejamento, informei isso a ela e, como recusar algo ao god in earth dela é declarar guerra, eu o fiz. Ela como sempre me esculachou e o problema maior é que não volta só uma coisa, em poucos segundos minha cabeça traz um turbilhão de lembranças de toda injustiça e privação pelo qual passei e a raiva só aumenta. Pensei em falar as coisas que estão presas na minha garganta e mandar os dois para “um lugar bem divertido”, mas como eu estava no serviço não é de bom tom rasgar o verbo mostrando o meu vasto e adorável vocabulário, mais uma vez calei-me.

Só por hoje...

Um comentário:

Índia disse...

Sim, Tarantino te entenderia! É bom desabafar e nosso blog é uma ferramenta que nos permite isso e eu aprovo, hoje mesmo por coincidência fiz um pequeno texto desabafando sobre problemas no meu trabalho, talvez poste depois. Família é um caso sério. Eu tive brigas com minhas irmãs, somos 3 mais um irmão mais novo, mas nada fora no normal e hoje nos damos muito bem, mas tive algumas picuinhas com outros membros da família e assim como você, depois que fui morar sozinha tudo melhorou, até a relação com esses outros ficou ótima. Realmente, temos muitas desvantagens financeiras, mas como você bem sabe, temos um preço a pagar - literalmente - pela nossa paz de espírito e eu prefiro assim!

Ah, quando eu tô muito puta com alguma coisa, vou ao mercado, compro cerveja e salgadinho, ponho um rock pesado, bebo, canto, sacudo a cabeça e parece que isso alivia a minha alma. Hehehe

Fique bem, você já está livre de muitos aborrecimentos. Quanto a sua mãe, é complicado entender os erros da mãe da gente, mas chega uma hora que a gente entende ou perdoa ou os dois.