Um tempo atrás vi um filme
impressionante que sempre ouvi falar mas sequer sabia do que se tratava, chama Vicky
Cristina Barcelona do famosíssimo Woody Allen. Apesar de adorar filmes, não sou
de pagar pau pra diretor, já vi outros dele que em nada me inspiraram, porém
não sei se pela fase da vida ou a vibe do dia, esse me cativou. Sobre o filme eu falo outros dia (talvez)
achei tão mágico que a rasgação de seda poderá enjoar. E a Penélope Cruz que eu
sempre achei uma água de salsicha, estava (me falta adjetivos) foi de longe o
melhor papel da vida dela, merecia um Oscar rs.
Em algum momento no filme ouvi
uma frase em especial, na hora anotei mas perdi sei lá. É meio que um conselho
que a tia de uma das meninas dá, claro que não em forma de conselho, ela
simplesmente cita a frase em uma conversa mas a câmera fecha na cara da Vicky e
obriga a gente a perceber a grandeza da poesia.
A frase é mais ou menos
assim: Só o amor não correspondido é romântico. Na hora me veio a mente uma
musica interpretada por uma tal de Elis Regina que diz: Pergunte ao seu orixá,
amor só é bom se doer. Depois ainda lembrei de outra frase que dizia algo
semelhante, não vou citá-la pois não tenho memória pra tanto. Enfim já me
peguei pensando no assunto por vezes incontáveis e, contrariando algumas das ideias
que tinha sobre relacionamento, achei que tanta gente grande falando a mesma
coisa, até que podiam ter razão. Deve ser a sabedoria dos antigos, a
experiência que só o tempo nos traz.
A emoção de um
relacionamento está na incerteza, na busca por sinais de reciprocidade, o ser
humano é carente e possessivo. A espera é o martírio de quem ama, esperar uma
palavra, uma mensagem ou uma ligação, enquanto luta consigo pra não dar o
primeiro passo. A cobrança e o atrito são inevitáveis, discussões onde a gente
sempre perde quando ganha, ou, sempre ganha quando perde. Muitas vezes entregamos
uma peça pra vencer o jogo, e nesses casos o vitorioso demora um tempo pra ser
definido.
Eu quero a sorte de um
amor tranquilo, dizia Cazuza. Imagino o porre que deve ser esse tal amor
tranquilo que ele pedia, pode ser bom pela segurança que se tem, pela certeza
de que o outro ama e que quer ficar ao seu lado pra sempre apesar de que pra
mim, esse não era o estilo Cazuza de amar (talvez por isso ele o pedia), mas amor
tranquilo não vira filme, não dá ibope e principalmente não é lembrado. Duvido
que alguém alcança esse tipo de tranquilidade sem enfrentar antes uma guerra.
E pode ser isso mesmo, com
os amores loucos a gente quebra a cara, perde todas as fichas, derruba
convicções e princípios pra aprender a entender e valorizar os tranquilos, mas
não sei, ainda não cheguei lá.
Engraçado é perder horas
do dia filosofando acerca da vida e seus sentidos, não chegar a lugar algum e
saber, é claro, que nem vai chegar. Serão somente pensamentos e considerações a
respeito. E é frustrante não encontrar respostas, não por falta de procura mas
por saber que tantos já procuraram e falaram sobre o assunto e também não
chegaram a lugar nenhum. Eu quero ter no que acreditar, não pode ser em vão,
não faz sentido. Minha esperança em meio a tudo isso é de que um dia (viva ou
morta) tudo seja esclarecido e faça o maior sentido do universo, mesmo que hoje
eu não tenha a capacidade de compreendê-lo. Tô Socrática, só sei que nada sei.
Eternamente...
Eternamente...
Um comentário:
Aldeia, seu texto é um dos melhores que eu já li e olhe que eu gosto muito dos seus escritos!
Eu assisti há uns 2 anos a esse filme com eu ex-namorado e gostamos horrores. É um filme, realmente sensacional!!! Eu gosto das obras do Woody, inclusive tenho até livros de contos dele aqui, mas admito que não curto exatamente tudo que ele já produziu, embora o considere alguém de alma sensível para perceber as sutilezas de relacionamentos, o sombrio, o visceral da vida, assim como o belo. Já me peguei pensando no assunto e sim, concluí que realmente só o amor não correspondido ou o impossível é romântico mesmo! A rotina é a principal responsável por fazer perder o encanto. Se Romeu e Julieta tivessem casado e tivessem tido filhos e seguissem aquela vida de casado já teriam tido muita DR. Hahaha Cazuza até poderia ter encontrado um amor tranquilo, porém com sabor de fruta mordida... só no começo onde a paixão é intensa.
Beijo, menina.
Postar um comentário